quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Complô do cotidiano

Acordei feliz, com um humor de dar inveja, estava decidido que não deixaria nada me abalar, mas como sempre a vida me prega peças, peças essas que não consigo simplesmente engolir.
Fui fazendo o que normalmente faço, escovei os dentes, tomei meu café na mesma xícara de sempre, e ali mesmo, na mesa, comecei a ler o jornal. No momento em que passei os olhos nas manchetes percebi que o mundo preparava um complô contra minha alegria, não queria me ver feliz! É assalto de um lado, chacina do outro, corrupção aqui, bala perdida aculá.
Comentei sobre o plano maligno do universo com minha mulher, mas como sempre ela me achou um lunático, resolvi não me abalar e segui para o trabalho. Mas antes passei em uma padaria para comprar um maço de cigarros. Quando olho nas costas do maço, percebo uma foto de um sinal de negativo, encenando impotência sexual. Aquilo foi um soco no meu pâncreas! O que querem afinal? Querem que além do meu vício eu desenvolva uma depressão ou uma gastrite?
Engoli seco e entrei no carro, segui para o meu destino sem mais preocupações, fumando o meu “broxante”. Desci do automóvel, peguei meus papéis e tranquei a porta. Quando menos esperava, apareceu não sei de onde, adivinhem o que? Isso mesmo! Um flanelinha, e logo me sugeriu:
-Óia tio, é melhor o senhor deixar eu vigiar seu carro, o senhor sabe que tem muita gente má intencionada hoje em dia, alguém pode querer arranhar sua lataria...
O complô estava proclamado, queriam abduzir minha paciência! Fechei os olhos e contei até mil, abri um sorriso amarelo e fingi não ter entendido aquela ameaça explícita, e claro, deixei o “ameaçador” vigiar meu carro, e ainda lhe dei uma nota de dois reais.
Durante todo o trabalho não aconteceu nada que abalasse meus ânimos, planejava ir para casa tranqüilo, para poder jantar em paz com minha mulher.
Mas que engano, sai do escritório e me dirigi ao carro, entrei, coloquei o cinto e girei a chave, mas quem disse que conseguia sair normalmente? Algum peso sobrenatural não deixava as rodas girarem suavemente como de costume. Depois de várias tentativas desci para averiguar o que estava acontecendo. E adivinhem caros leitores! Exatamente! A força sobrenatural era um furo no meu pneu, furo que provavelmente foi feito pelo flanelinha, que deve ter se irritado com o “pouco” dinheiro que eu lhe dei.
Fui obrigado a pegar um ônibus, depois de um longo dia de trabalho!
O complô contra meu humor não cessava. Ônibus lotado, pessoas se esfregando, freadas que nos jogavam longe, gritarias...
Cheguei em casa, tomei uma bela dose de licor para acalmar, e em seguida fui assistir TV com minha esposa.
Mas como sou azarado! Era o ultimo capítulo da novela das nove! Fui obrigado a assistir toda a novela calado, sem reclamar! Choros, brigas, traições, amores platônicos, casamentos, vilões se dando mal... Os autores de novelas realmente usam de tudo para subestimar nossa inteligência.
Resolvi dormir logo, antes que um raio resolvesse cair sobre minha cabeça!

Jordano Souza


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